domingo, 1 de fevereiro de 2009

A máquina da felicidade

De partida. Já há algum tempo que estou de partida. Tudo dentro da mesma cidade, apenas em espaços e com pessoas diferentes. Esta questão sempre me acompanhou, sempre adorei aeroportos que me levassem para fora desta cidade tão castradora e nublada. Nunca me senti muito em casa aqui. E parti: para os trópicos, para as montanhas místicas dos Maias e Azetecas (e muitos mais "-ecas" que desconhecia!), para os Happy and Free States. É mesmo verdade que a vida corre a um outro ritmo no Rio de Janeiro ou em São Francisco. As pessoas divertem-se mais, fazem mais amor (?) e não se riem ou criticam coisas tão mesquinhas como o penteado de alguém ou a combinação de cores das roupas. Mas apesar de ter conhecido seres humanos maravilhosos de vários lugares, estas pessoas valem tanto a pena como algumas pessoas que conheço aqui. Tão cheios de vida e puros são os mexicanos daquele camião em Chiapas como o são os habitantes da aldeia dos meus avós em Oliveira. O estrangeiro da peça não escolheu a banda da aldeia para tocar no festival de "World Music"? Então... tudo depende da perspectiva e daquilo que procuramos. E sobretudo da nossa disposição para encontrar e ver. Já me aconteceram muitas coincidências no Porto! E, para mim, estas magias do quotidiano são os indicadores que a vida está a fluir, que a corrente de energias não está bloqueada, que estou a criar o meu destino. Posso até sair de novo do Porto, partir de novo, a nómada em mim o exige. Mas desta vez não será à procura da máquina da felicidade, porque essa é sempre falível em qualquer parte do mundo. O nevoeiro desta cidade, o fumo acumulado pelas gargalhadas adormecidas atinge muitas outras cidades também. E o labirinto está a crescer nos écrãs a cada dia.
É só muito bom quando chegamos a casa. Seja ela onde for.

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