segunda-feira, 27 de julho de 2009

VII Noite da Chalupa

No nosso jantar de despedida, domingo à noite, surgiu a certa altura uma questão: Se nos fosse dada a oportunidade de voltarmos a viver as nossas vidas - tal e qual como as tínhamos vivido, sem a menor diferença - que faríamos nós? Aceitá-la-íamos?
Jean disse que sim. Eu disse que não.
Olhámos uma para a outra.
"O que é que isso significa?", perguntou ela.
"Tem de significar alguma coisa?", retorqui.
"Acho que sim", disse ela.
"Significa que tu gostaste da vida que viveste."
"Talvez", disse ela. "E talvez tu não dês o devido valor à vida que tiveste."
"Talvez..."
Mais tarde, erguemos as nossas taças de champanhe e brindámos ao mundo. Brindámos à nossa reunião e concluímos que fora uma bela ideia. Depois, despedimo-nos sem ilusões de nos voltarmos a ver. E com amor.

Viagens de GreyHound, in Pensei que o meu pai era Deus,
antologia de histórias organizada por Paul Auster

Ontem foi a noite de poesia dos Amigos. Esta história é especial para mim. É sobre a amizade de duas mulheres que se conhecem num autocarro, numa viagem de longa distância, algures nos Estados Unidos dos anos 30. Escrevem-se durante todas as suas vidas e só se voltam a encontrar quando são octogenárias. Também eu falei pela primeira vez com a minha amiga Ana num autocarro e posteriormente voltámos a encontrar-nos num avião. Espero voltar a reencontrá-la durante as nossas vidas. Este livro foi um presente dela. A ela dedico esta história.

sexta-feira, 24 de julho de 2009

A dança da folia



O que fazer quando, vindo do nada, sentimos uma loucura oculta, um desejo profundo de vida que nunca será totalmente satisfeito numa só vida? Um desejo indomável e incompatível com o mundo que nos rodeia, com as regras impostas por essa realidade limitada a que chamamos sociedade? Uma vida não chega para tanta vida. Estamos sós nessa certeza. Estamos sós quando escolhemos o nosso caminho, sabendo que outros caminhos nos chamam também. Sentindo que a contradição, o paradoxo de existir nos acompanha. E no entanto... há tantos cúmplices silenciosos à nossa volta. Há que dançar, dançar, dançar... com sangue nos pés e folia no coração.

domingo, 19 de julho de 2009

O que é a folia?

"Il modo megliore di parlare è non parlare" - Giovanni

sábado, 11 de julho de 2009

VI Noite da Chalupa

Meu ser vive na noite e no Desejo. Minh' Alma é uma lembrança que há em mim.
Fernando Pessoa

TEMA: A Alma. Palavra caída em desuso, mas que não perdeu o seu sentido. Continuaremos este tema iniciado na última sessão... uma partilha de poesia entre amigos e poetas da vida.

Por Artur&Virgínia&Quem queira poetizar...

Amanhã, Domingo, 22h no Gato Vadio

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Estranheza

Já muitas vezes pensei que ninguém é como se imagina, que todos normalizamos a terrível estranheza da vida íntima com várias ficções convenientes. Eu não queria iludir-me, mas comprendi que sob aquela pessoa que eu acreditava ser havia uma outra, que deambulava no mundo paralelo de que Miranda falara - por ruas e casas com toda uma outra arquitectura.

Voz de Erik em The Sorrows of an American, de Siri Hustvedt

quarta-feira, 1 de julho de 2009

A nossa casa

Há tempos, em Lisboa, vi uma exposição de fotografia intitulada A Terra Vista do Céu. Na altura, fiquei impressionada pela beleza das imagens e a geometria natural do nosso mundo. Fui logo investigar sobre a vida e arte do fotógrafo e descobri trabalhos surpreendentes. Agora, do mesmo autor, surge este filme - fascinante e perturbador - sobre a nossa casa. Aquela que menos cuidamos, mais desconhecemos e onde vivemos. Vale a pena ver e olhar à nossa volta:

HOME, by Yann Arthus Bertrand


Já dizia Osho que, se cada acto nosso fosse consciente, muitos actos deixariam de existir...