quinta-feira, 30 de abril de 2009

Afinal, não estou só!


Com almas como a tua neste pequeno universo, nunca posso perder-me de mim mesma...

terça-feira, 28 de abril de 2009

A princesinha do mar



Que bom que o Riccardo trouxe a Maria com um pouco de Brasil e comemos farofa de linguicinha com licor de baru! O meu coração ficou "levinho"... Fica a presença do meu lar principesco à beira-mar, onde (in)felizmente tudo acontece.

sábado, 25 de abril de 2009

Último Desejo



Nosso amor não acontece... É uma chama oprimida, um atirando madeira, o outro, água. Tenho saudades do amor genuíno, que toca à campainha de surpresa, sem telefonar antes. Que faz serenata até para dizer adeus. Daquele amor apaixonado, onde o tempo tem sempre tempo, onde os desejos últimos se concretizam, ausente de palavras supérfluas.

terça-feira, 21 de abril de 2009

Quadrilha

João amava Teresa que amava Raimundo
que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili
que não amava ninguém.
João foi para os Estados Unidos, Teresa para o convento,
Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia,
Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes
que não tinha entrado na história.

Carlos Drummond de Andrade

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Minha Oração

Ó Véspera do Prodígio! - IV

Creio nos anjos que andam pelo mundo,
Creio na Deusa com olhos de diamantes,
Creio em amores lunares com piano ao fundo,
Creio nas lendas, nas fadas, nos atlantes,

Creio num engenho que falta mais fecundo
De harmonizar as partes dissonantes,
Creio que tudo é eterno num segundo,
Creio num céu futuro que houve dantes,

Creio nos deuses de um astral mais puro,
Na flor humilde que se encosta ao muro,
Creio na carne que enfeitiça o além,

Creio no incrível, nas coisas assombrosas,
Na ocupação do mundo pelas rosas,
Creio que o Amor tem asas de ouro. Ámen.

Natália Correia

Ámen.
Hoje, Revolução Sexual, no Bar Rosa Escura (Rua da Picaria, 32), 23h.

sexta-feira, 10 de abril de 2009

O Sol Nascerá



O Cartola é que tinha razão! E eu quero levar a vida com mais suavidade e menos drama. Nadando no fundo dos oceanos infinitos e voltando à superfície para olhar em redor... e há muito para onde olhar...

terça-feira, 7 de abril de 2009

Sermão do meu pai

A infância foi o melhor tempo da minha vida. Era feliz. Um dia vais perceber isso.

Hoje, 19 anos depois

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Sermão do pai

Os olhos são a candeia do corpo. E se eles eram bons, é porque o corpo tinha luz. E se os olhos não eram limpos, é porque eles revelavam um corpo tenebroso.

André, no filme "Lavoura Arcaica" de Luíz Fernando Carvalho

sábado, 4 de abril de 2009

Um dom não merecido

O sentimento de se ser eleito está presente, por exemplo, em toda a relação amorosa. Porque o amor, por definição, é um dom não merecido; ser-se amado sem mérito é justamente a prova de um amor verdadeiro. Se uma mulher me diz: amo-te porque és inteligente, porque és honesto, porque me dás presentes, porque não andas no engate, porque lavas a louça, sinto-me decepcionado; este amor tem o ar de ser qualquer coisa de interessado. É muito mais bonito ouvir: estou louca por ti apesar de tu não seres nem inteligente nem sério, e embora sejas mentiroso, egoísta e safado.

Milan Kundera, in "A Lentidão"

quinta-feira, 2 de abril de 2009

O essencial

Já dizia Exupery que o essencial é invisível aos olhos.
Ser-se giro ou talentoso, ver todas as peças de teatro, ir a todos os eventos sociais, ler e discutir sobre arte... É importante, interessante, conveniente, torna a vida mais fácil e atractiva, mais ampla, mas não é essencial. Vivemos à volta da rotunda - por sinal muito apreciada no nosso pequeno país - distraídos com tudo e com nada. Queremos iludir o nosso querer, preencher o nosso desejo inconstante...
Uma vez, em Paraty, Brasil, estava numa praia deserta e lindíssima com águas muito brilhantes e a mata atlântica em redor. Decidi ir nadar sozinha, mesmo tendo sido avisada que ali era um local de correntes.
Despi-me e, quando estava já refrescada e em estado de puro êxtase e comunhão com a natureza... fui puxada para dentro de água. Precebi que era uma corrente, pois a sua força era muito maior que as minhas tentativas de nadar para a costa. Após um breve momento de pânico, seguiu-se um momento de quase calmaria e por momentos (talvez uns 10 segundos), debaixo daquele fundo do mar iluminado, pensei que iria morrer ali. Decidi acompanhar o movimento das águas. Ao mesmo tempo que o meu corpo cedia, a minha vida passava dentro de mim como um filme. Lembrei-me das pessoas que mais amava - talvez voltasse a ver o pai numa outra existência, imaginei a minha mãe a receber a notícia em Portugal e lembrei-me dos cúmplices, os meus queridos amigos e amores e todos os momentos maravilhosos que me proporcionaram.
Não morri naquela praia em Paraty, pois, suavemente, a corrente foi-se embora e eu nadei freneticamente para a praia. Mas aí tive a certeza do que era essencial e de como quero passar todos os momentos desta vida. E assim, abraço as palavras de Thoreaux:

I went to the woods because I wished to live deliberately, to front only the essential facts of life, and see if I could not learn what it had to teach, and not, when I came to die, discover that I had not lived.