quarta-feira, 27 de maio de 2009

Continuar o caminho...

De um amigo viajante pelo mundo:

Se algum dia te apaixonares, não te iludas, pois o universo esconde infinitas paixões e só quando tudo conseguirmos abandonar – o que amamos e o que não amamos, então o universo apaixonar-se-á por nós.

Este é o teu poema


Feito de pedaços,

De lábios, cabelos e abraços.

Em sono desfeito, cozinhados,

Na luz da tempestade, temperados.

Um trovão, uma luz, uma aparição,

O teu olhar, o beijo, a minha perdição,

Por ter sido cobarde, por ter dito tão tarde,

O quanto o meu coração arde, o quanto o meu coração arde.

E agora me exponho,

Emerso na solidão,

Que tudo não passou de um sonho,

De uma noite em vão.

Aqui a coberto,

Do outro lado do mundo,

Espero por ti, enganado,

Como um cão abandonado.

E uivo sem fim,

Lobo,

Dingo,

Louco em frenesim!

Ai venenosa vontade,

De te ver nua em cada tarde!

Não voltarei nunca a faze-lo

A sonhar cheio de zelo,

Por uma mão cheia do teu cabelo.

Por um luar cheio do teu andar,

Por uma maré sempre a transbordar,

Com teu olhar, azul do mar.

Não e fácil saber amar.


Mornington, Austrália - Fevereiro de 2009

ZP - O astronauta do pedacinho do céu

domingo, 24 de maio de 2009

Olha que mocinho boniiiito!



A Bossa do Sérginho agradou-me imenso e, como ele cantou várias canções de um dos artistas que mais admiro, aqui vai uma interpretação preciosa, num tempo de ditadura militar no Brasil, mas, como em todos os tempos de grilhões, de glória nos corações. Olha a emoção na audiência e até no júri... esta canção é poderosa! E ele, lindo de morrer, apenas com 23 anos, já tinha ganho prémios, conhecido a Marieta, seu amor e escrevia peças de teatro. Tanto talento... contudo, era tímido!

sábado, 23 de maio de 2009

Prêt-a-porter - último dia no TNSJ!

Eu sou uma pessoa, como dizem aí, daquelas felizes, sabe, daquelas que chamam 'timistas. Tem hora que não é assim, mas a gente tem de estar aqui mesmo... melhor estar bem do que mal.

Ontem não tinha muitas palavras quando saí do teatro. O meu coração pulsava, o meu sangue circulava com mais energia e eu sentia-me quente. Estas foram as reacções do meu corpo ao espectáculo que nos chegou do outro lado do oceano.
A pequena cena, a intimidade na abordagem, a criatividade dos actores, a vontade de estar ali...tudo tão simples e tão lindo!

sexta-feira, 22 de maio de 2009

O amor luminoso do sertão :)



Minha Feia, que na verdade é linda, deu-me a ideia de publicar aqui também esta poesia. O amor é mesmo do coração e não das palavras eruditas.

segunda-feira, 18 de maio de 2009

O Sonho

Só o verdadeiro poeta pode dizer o que é o infinito desejo de não ser poeta, o que é o desejo de abandonar esta casa de espelhos, onde reina um silêncio ensurdecedor.

Exilado das regiões do sonho
Procuro abrigo na multidão
E quero em insultos
Transformar o meu canto

Milan Kundera citando Frantisek Halas, in "A Vida não é aqui"

domingo, 17 de maio de 2009

A Noite da Chalupa

Começamos hoje!
O TRIO VADIO apresenta...

Uma noite domingueira, cujo nome surgiu de um encontro de palavras equivocado entre a famosa cachupa de Cabo Verde e a imaginação naive de uma vadia que, ao sabor do acaso, navegou para outros significados.
Assim nasceu esta ideia, este espaço que se pretende que seja aberto à criação, à possibilidade de ir humanamente para além das formalidades conceituais esperadas (ai, que sono...) de uma tradicional noite de poesia.
E porque com a chalupa pensamos em comer (mesmo com a palavra do avesso) também haverá sempre uma delícia à fruição - feita pelos vadios, claro! Todos sabemos que o e espírito funciona melhor depois de satisfeitos os prazeres da carne...

1ª Sessão - Hoje, Domingo 17, no Gato Vadio, 22h
(Rua do Rosário, 281)

com o tema: O Sonho
textos de:

José Maria Vieira Mendes
, Jean Genet, Anton Tchékhov, Eugene O'Neill,
Lucien, Lambert
, Arthur Schnitzler, Allen Ginsberg, D.H. Lawrence, Emily Brontë, William Shakespeare, Fernando Pessoa, Vinicius de Morais, Milan Kundera,Teolinda Gersão

e vozes de: Artur Silva, Rita Figueiredo, Virgínia Silva

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Meu coração, não sei porquê...

O amor é uma festa. É uma celebração diária. É a fragilidade nua, o peito aberto. É o cafuné e o ninar com canções ao ouvido, mesmo com a voz de cana rachada. É o conforto do hábito e o bater do coração da surpresa. É perder-se e (re)encontrar-se, a pele e a alma do avesso.
As estrelas só brilham porque a noite é escura.
No meio destas reflexões, uma ambivalência cresce dentro de mim. E este belo chorinho, composto pelo grande músico Pixinguinha, traduz essa voz melhor do que eu.

sexta-feira, 8 de maio de 2009

"Toca Klezmer, até as cordas dos violinos se partirem!"

Uma deliciosa mistura de sons judaicos e ciganos vinda dos esconderijos da alma, sabe-se lá de onde... Obrigada querida Marleen!

Ouçam os DIKANDA, a minha música preferida é Jakhana Jakhana! Para dançar até sentir tudo:
http://lebowski.hosted.pl/dikanda/english/mp3.htm

Inté sempre, companheiro!



Ausentei-me do mundo político-social por uns dias, vivendo apenas uma existência individual. Enquanto isso, este mundo despedia-se de Augusto Boal, fundador do Teatro do Oprimido. Um ser que admiro, fiel aos seus ideais até à hora em que, simplesmente, deixou de respirar...

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Na terra das sibilantes

Um manto de estrelas no céu iluminava a escuridão de granito da aldeia. O javali, a coruja, o cuco tomavam parte no cântico que acompanhava a madrugada à aurora.
De noite as vozes da floresta, de dia o silêncio das pedras dos mosteiros perdidos. Almas profanas e sagradas moraram ali... Quantos Baltazares lá terão deixado pedaços de si e quantas Blimundas terão velado o seu desaparecimento...
O meu corpo regressou, dengoso, após longos banhos públicos nas águas quentes e doces do rio. Dizem que quando viajamos o nosso espírito demora mais tempo a voltar... só xegou hoje da Galiza!