Arcaico Desejo
Entre a folhagem
emerge o sangue
nos cabelos
nariz
lábios
vulva
início e fim
impulso e paciência
na dança
lenta
lânguida
passos desnudos
e o branco
aquele fiel perverso
livre do tempo
As mãos vivem
a doce
violência
da paixão
Os olhos iluminam-se
ao sabor
do vinho
antigo
A escuridão vital
impõe-se
e as janelas
abrem-se
de par em par.
(Rio 2001, inspirado no belo filme "Lavoura Arcaica")

Eclipse de Sangues
Num espaço
compartido
partilhado
?
encantado
organismos vivos
teorias poesias
assentam
na mesa
Os sete sóis
e
as sete luas
cruzam-se
com a forma redonda
desde sempre
e
para sempre
No horizonte
um pôr do sol vertical
um infinito molecular
de palavras mudas
desaprendidas
num universo sem nome
Sem palavras
Oxalá!
Poemas teoremas
Vivências
Cadências
estrelas em mim
se apagam
e a cor do teu sangue
anoitece no calor do meu.
(Lisboa 2005, no café onde Pessoa passou muitas tardes)
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