quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Dar à luz

Uma pessoa tem de acreditar plenamente no que está a fazer, compreender que é o melhor que pode fazer naquele momento - esquecer a perfeição agora e sempre! - e aceitar as consequências que advêm de dar à luz. Somos sempre o nosso melhor crítico. Progresso (uma palavra má), realização (o papão de Cézanne), mestria (o objectivo do conhecedor), estas coisas alcançam-se, como todos sabem, graças a um esforço contínuo, graças ao trabalho e à luta, graças à reflexão, meditação, auto-análise e, acima de tudo, sendo escrupulosos e implacavelmente honestos connosco mesmos. A quem reclama que não é compreendido, apreciado, aceite - quantos de nós verdadeiramente o somos? - a única coisa que tenho a dizer é o seguinte: Clarifique a sua posição!
(...)
Serve a vida e serás sustido.
(...)
A arte é um processo curativo, como salientou Nietzsche. Mas principalmente para quem a ela se dedica. As pessoas escrevem para se conhecerem e, desta forma, virem talvez a libertar-se do eu. É este o propósito divino da arte.


Hoje li a última página do livro O Big Sur e as Laranjas de Jerónimo Bosch e sei - tenho a certeza - que a minha cura são os livros. Os livros não me transportam apenas para lugares físicos que quero encontrar, a personagens com as quais vivo paixões de papel intensas, como também me levam às intimidades que procuro conhecer. Livros que contêm palavras como estas de Henry Miller, livros que me salvaram de escuridões em mim mesma e fizeram com que eu visse a luz.

Foto: I woke up dreaming


Sem comentários: