terça-feira, 16 de junho de 2009

Velha Bela Velha

Esta madrugada, após a leitura fulgurante de O Silêncio dos Amantes, de Lya Luft, apareceu-me esta mulher:

Uma Velha
muito bela
Velha

de vestes de luar vermelho
caminha sob o
chão de cetim

onde os sonhos se gastam
desgastam
em murmúrios de tempo
perdido
ou ignorado

Essa Velha
muito bela
 muito velha

sabe mais do que eu

viveu os mesmo anos
sem relógio

aqueceu o corpo
nas mesmas madrugadas
de fogo e fel

mas sabe mais do que eu...

Ela caminha
para a morte
dos dias quotidianos
silenciosos
sinistros, prenhos de normalidade

Ela tem conversas animadas
com os fantasmas

de sempre

E percorre os campos
sem fim
que nela foram implantados
desde há muito

Neles voa com as borboletas -
amigas que espera
na certeza de cada manhã.

Virgínia Silva

Sem comentários: