PRATOS VOADORES
Violentamente te encontro
em mim, descendo
em ausência
num jardim de Outono
Violentamente deixo
as agressões espelharem
A caligrafia
do teu medo
e de todos os pratos
onde voam dores
Violentamente
sou violada
pela música
do teu corpo
batendo contra o meu
pelo tambor enlouquecido
-que rasga dilacera liberta -
Violentamente
em assonância
aliteração
discrepância
além coração
e uma lua alta é cúmplice
do nosso crime.
PARTO
Estou num pântano
onde as flores de lótus
não vão florir
(algum sangue terá de abrigar esta loucura
algumas luas terão de mostrar o essencial)
enquanto houver palavras que nos ardem
espancam
os bosques são precisos
As luas não vão dizer
o teu nome duas vezes
em surpresa certificada.
Virgínia Silva
Festival do Ruído, Barcelos, 26/7/2010
Sem comentários:
Enviar um comentário