sexta-feira, 28 de maio de 2010

Jorge Amado

Jorge Amado morreu quatro dias depois de eu ter chegado ao Brasil, em Agosto de 2001. Ouvi a notícia da morte dele ao lado do meu então muito amado. Na época nunca tinha lido nenhum romance dele, além do conto "O Gato Malhado e a Andorinha Sinhá", mas comovi-me com a reportagem sobre a sua vida e o quanto foi amado e amou a sua família, os seus amigos e o seu povo.
Agora conheço as receitas afrodisíacas de Dona Flor, os corações violentados dos capitães da areia e a história dos homens de Yemanjá. Jorge Amado não ganhou o Nobel da Literatura. O seu coração e a sua escrita eram demasiado nobres para tal, talvez. Para mim ele é premiado a cada carícia, cada punhal disfarçados de palavra com que ora nos alisa, ora nos entristece, ora nos silencia por dentro.
O cavalo negro de olhos vazados que é arrastado para o mar como oferta à deusa, o ser traído do mulato Rufino afundando-se com o seu corpo na sua canoa, velados por tubarões, o salto para o outro mundo do Sem Pernas, tudo dores tão intensas e tão cheias de dengo a embala-las que só o universo daquele que amou muito e foi muito amado consegue transmitir. Obrigada Amado.

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