domingo, 14 de setembro de 2014
Nem luxo, nem lixo
Cada vez sinto mais que a minha cidade natal se transfigurou. As noites
do Porto estão inundadas de turistas, Erasmus e sobretudo... pessoas
"bem". Estas já não se encontram apenas em Serralves ou na Casa da
Música. Agora é de bom tom levar a família à feira do livro, aos novos
restaurantes e a ver as bandas. A cultura é cada vez mais um bem
consumível e descartável, como qualquer outro, daí a minha ambivalência. Por um
lado gosto da vida nova que a "ciudad fantasma" (como a designou há anos
uma amiga minha mexicana) adquiriu; por outro gostaria que entre os
novos espíritos noturnos houvesse mais gente comum, que tanto vive na
cidade da moda como na cinzenta. Gostaria de sentir algo mais autêntico
no ar, menos tribos isoladas. Nem tão luxo, nem tão lixo...
domingo, 23 de março de 2014
Sommarlek

Como em muitos filmes de Bergman, o esplendor da felicidade só atinge a sua beleza máxima quando o trágico acontece. A tristeza emerge dessas águas de amor dourado, aparentemente calmas, e ouve-se o grito premonitório da coruja. Foi este grito familiar que ressoou nas minhas memórias, transportando-me à época em que (sobre)vivia aos sorrisos do mundo que continuava, ainda que parado em mim.
Tal como a bailarina - tal como demasiados nós - pomos a maquilhagem e entramos em cena. Agimos por um instinto qualquer de preservação da alma, acreditando que "o espectáculo tem de continuar", optando por dormir com as pestanas postiças.
Até que uma noite, na solidão fantasmagórica do teatro, alguém nos surge do outro lado da imagem:"Só quando nos libertamos de todos os muros podemos ver-nos ao espelho."
quinta-feira, 6 de março de 2014
Um poeta
Os poetas, do meu coração, ou os do meu (des)interesse, devem ser sempre louvados. Um mundo sem poetas é um mundo hostil e vazio, onde existimos sem viver.
DEDICATORIA
Más allá de donde
aún se esconde la vida, queda
un reino, queda cultivar
como un rey su agonía,
hacer florecer como un reino
la sucia flor de la agonía:
yo que todo lo prostituí, aún puedo
prostituir mi muerte y hacer
de mi cadáver el último poema.
Leopoldo María Panero (16/6/1948 - 5/3/2014)
DEDICATORIA
Más allá de donde
aún se esconde la vida, queda
un reino, queda cultivar
como un rey su agonía,
hacer florecer como un reino
la sucia flor de la agonía:
yo que todo lo prostituí, aún puedo
prostituir mi muerte y hacer
de mi cadáver el último poema.
Leopoldo María Panero (16/6/1948 - 5/3/2014)
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